sexta-feira, 5 de julho de 2013

Anonymous, o Paradoxo da Máscara.

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V - Guy Fawkes - Anonymous
Em protestos, manifestações e em sublevações sociais por todo o mundo a mascara de Guy Fawkes tem sido uma presença constante.
 
Com origens bem anteriores, a máscara ficou mais conhecida do grande público através do filme V de Vingança (V for Vendetta - 2006).
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Hugo Weaving Interpreta V
 
 
Logo no início do filme o herói mascarado "V" (interpretado pelo ator Hugo Weaving) salva a linda Evey Hammond (interpretada por Natalie Portman) de uma tentativa de estupro pelos membros da polícia secreta conhecidos como "Os Homens-Dedo".
 
 
Estupro evitado Evey pergunta:
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Natalie Portman
 
- Quem é você?
 
V começa a rir.
 
- Por que você está rindo?
Indaga a vítima.
 
O herói mascarado V responde:
 
- Pelo paradoxo de perguntar quem é você a uma pessoa que usa máscara.
 
O filme V de Vingança é uma adaptação da série de quadrinhos de mesmo nome de Alan Moore e David Lloyd; porém a inspiração para a máscara utilizada por V remonta a um tempo bem mais distante.
 
O cerne da questão é o conflito entre Católicos e Protestantes na Grã Bretanha. A história começa no século XII, quando o monarca inglês Henrique II tentou anexar a ilha da Irlanda ao seu reinado e a bem da verdade esse conflito ainda não terminou. Os Irlandeses de maioria Católica e os ingleses que para lá migraram eram majoritariamente Protestantes.
 
Em 1605 ocupava o trono inglês Jaime I que era protestante.
Jaime I
Jaime I
 
Foi organizada uma conspiração para assassinar o Rei e todos os membros do parlamento durante uma sessão; episódio que entrou para a história como "A Conspiração da pólvora" (Gunpowder Plot). Desta conspiração participou ativamente o soldado inglês católico Guy Fawkes (Iorque, 13 de abril de 1570 — Londres, 31 de janeiro de 1606).
 
Guy Fawkes (Guido Fawkes) era o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam utilizados para explodir o Parlamento do Reino Unido durante a sessão. No filme V de Vingança é feita uma referência ao episódio quando logo nas primeiras cenas o herói V explode instalações governamentais.
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Guy Fawkes Inspirou a Máscara
 
Bem, o filme e as histórias em quadrinhos falam por si, o autor dos quadrinhos não gostou da adaptação para o cinema e se afastou, mas a máscara continuou e ganhou força na internet, principalmente nos fóruns imageboard; (também conhecido como chan, abreviatura do inglês channel), A origem destes espaços está ligada aos fóruns online sobre cultura japonesa, os chamados grupos de otaku. Ao contrário das redes sociais comuns a interação nos imageboards é bastante simples, não exigindo cadastro nem mantendo o histórico das discussões por muito tempo.
 
A forma dinâmica dos  fóruns imageboard (chans) favoreceu o surgimento de vários memes da Internet, como trollface, pedobear e do "Anonymous", a máscara de Guy Fawkes, que passou a representar o conceito de muitos usuários de comunidades da internet existindo como uma espécie de cérebro global ou mente coletiva.
Waal Street Ocuped
O Acampamento em N.Y.
 
A máscara de Guy Fawkes, tem sido utilizada publicamente em todas as manifestações pelo mundo, desde o emocionante acampamento em Wall Street em Nova York, passando pela assim chamada Primavera Árabe e agora nas manifestações e protestos no Brasil. Em todas essas situações, houve críticas por parte de autoridades governamentais e mesmo de jornalistas quanto a validade do uso das máscaras em manifestações.
 
Afinal, se a luta é legítima, por que esconder o rosto?
 
Bom, essa situação suscita na prática o que eu chamo de paradoxo duplo:
 
Como disse V para Evey rindo:
É um contrassenso perguntar a identidade para uma pessoa mascarada!
 
Porém especialmente no caso das manifestações no Brasil; todos sabem a identidade dos mascarados: O Povo Brasileiro.
 
Só para constar: Guy Fawkes foi descoberto e enforcado na Inglaterra...

terça-feira, 2 de julho de 2013

Balões, Marrons, Arco Íris

Uma homenagem ao meu irmão Sergio Levy (Sérgio Luiz da Costa; escritor, professor e compositor.).
 
Um amor Lindo, Leve e solto é o que muitos desejam.
Eu já tive amores assim.photo-le-ballon-rouge-1956-1
Duas vezes.
 
Quando eu era pequeno, me apaixonei perdidamente por um balão de gás, é; um balão de gás destes que são vendidos em feiras livres e são distribuídos em festas infantis. (na minha época de criança nós os chamávamos de bola de gás).
 
Ele era lindo, colorido, de forma sensual e exuberante.
 
Era leve e de tão leve flutuava.
 
E solto, sim muito solto.
 
E por mais encantado que eu estivesse, mesmo sem tirar os olhos dele por um segundo, me distraí e ele voou...
 
Acho que ninguém sofreu tanto pela perda de um amor quanto aquela criança...
Meu Deus como eu chorei, uma criança não deveria sofrer e chorar tanto por uma perda sendo tão jovem tão criança...
 
Perguntei a minha vó Margot:
 
- Vó, para onde foi o meu amor?
 
No que ela prontamente respondeu:
 
- Para o céu meu filho, foi para junto de Deus.
 
Conformei-me.
 
Mas por desígnios divinos as feiras-livres ocorrem todas as semanas.
 
E no domingo seguinte lá estava eu com a minha avó.
 
Escolhi outro balão, outro amor, outra paixão.
 
Lindo, leve e solto.
 
Mas desta vez não deixei tão solto assim, minha avó amarrou no meu pulso.
 
Adorei a ideia.
 
Continuava leve, continuava lindo, mas segurei-o em minha mão de forma a não se soltar com tanta facilidade.
 
Aquele amor era meu e eu não iria perde-lo assim com tanta facilidade como o outro.
 
Fomos para casa, amor amarrado ao pulso.
 
Almocei galinha com arroz e por mais que insistissem para eu soltar aquele amor eu não obedeci... Lanchei com ele, vi A Família Trapo com ele, assisti a um emocionante episódio de Disneylândia, amarrado com ele juntinho a mim; Perdidos no Espaço, com Will Robson e seu maravilhoso Robô.
 
E mesmo sendo ameaçado de uma surra pela minha mãe eu tomei banho com meu balão, com meu amor.
 
Dormi vitorioso, satisfeito agarrado ao meu amor.
Lembro-me que devido ao sono já quase profundo eu o larguei, mas ele estava ainda amarrado qual escrava a mim.
 
Pela manhã...
 
Nova e amarga decepção, meu amor lindo leve e solto havia murchado, definhado, não tinha brilho, não mais flutuava, perdeu o viço.
 
Arrebentei revoltado a linha que me acorrentava a aquela coisa morta horrível.
 
Mais uma perda, mais um sofrimento, mais uma dor que à época me pareceu irremediável.
 
Desde então desisti de amores livres, leves e soltos.
Preferi me apaixonar por outras coisas, mais simples, mais duradouras, mais perenes, menos bonitos talvez, menos poéticos talvez, mas não menos apaixonantes...
Um abração a Todos!
Paz!