quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Carrinho do Supermercado.

Eu estou solteiro a dois anos e meio mais ou menos.
Muitas coisas da vida de solteiro eu ainda estou aprendendo, algumas dessas coisas parece que as mulheres já nascem sabendo ou aprendem durante uma fase na vida em algum tipocarrinho de sociedade secreta iniciática e saem de lá especialistas em coisas que nós homens talvez nunca saibamos.
Uma delas é escolher a fila certa do caixa no supermercado.
 
Compro pouco.
Não sou consumista, sou solteiro, não tenho namorada e é muito raro eu receber algum tipo de visita; mas o principal motivo de comprar pouco é que eu sou duro como um coco.
 
Peguei meus produtos, sem carrinho ou cestinha e fui escolher a fila do caixa.
 
Várias opções...
 
A de idosos, confesso que as vezes me prevaleço de meus fartos cabelos brancos e a uso.
A
fila de até 15 volumes, que na maioria das vezes é a mais extensa.
E as do povo em geral.
 
Escolhi uma com as seguintes características:
 
Uma senhora idosa com a maioria das compras já ensacadas e na minha frente um casal igualmente idoso com um carrinho praticamente vazio.
 
A senhora com as compras já ensacadas resolveu que havia esquecido de comprar frango congelado e deixou o trabalho da menina do caixa interrompido e foi buscar frango congelado no fundo do supermercado.
 
A fila parada, é claro.
 
Quando dei por mim a senhora do casal com o carrinho quase vazio desapareceu.
 
Ela voltou com mais compras.
 
Era um truque!
 
Enquanto o homem com cara de broa de milho fica segurando o carrinho na fila, a esposa cúmplice vai e volta trazendo compras e mais compras...
 
Fardos de Guaraná Flexa, ovos, muito papel higiênico, carne comprou pouco, mas Danoninho que vale por um bifinho ela trouxe montões...
 
É incrível como nossa mente dependendo das circunstâncias se afoga em uma piscina de malevolência, no início eu descrevi mentalmente esta senhora como uma idosa simpática e ativa, agora descrevo-a como uma velha caquética.
 
E lá vinha ela a passo de procissão cadavérica trazendo o frango congelado.
 
Na minha frente o carrinho que outrora estava quase vazio se entupia de compras, tanta comida apareceu naquele carrinho que parecia que O Todo Poderoso em pessoa havia ali promovido o milagre da multiplicação.
 
As mulheres sabem das coisas...carrinho meio cheio
 
Elas sabem como gastar o tempo em uma espera na fila do caixa do supermercado, nós homens não.
 
Elas conversam umas com as outras mesmo sem serem amigas ou mesmo conhecidas, controlam os filhos pelo celular e tentam pegar seus maridos em qualquer flagrante adúltero através do aparelho do capeta chamado Telefone Móvel.
 
Aprendi muito ouvindo as conversas tanto no local ou a distância.
 
Aprendi que a Daiana está frequentando o Salão Sol de Verão na Rua Getúlio Vargas, que a Bárbara não está comendo direito pois se sente muito gorda e que ela só tem 14 anos, aprendi que o Marcão joga futebol de areia na praia de Araruama todas as terças feiras e entendi toda a trama da novela das 8 da Rede Globo.
 
Finalmente a velha moribunda pagou suas compras incluindo o frango congelado.
 
A minha frente o carrinho inicialmente quase vazio estava transbordando de inutilidades úteis.
 
E tome de blip, blup, pesa dali ensaca daqui...
 
Fiquei olhando para ver quem ia pagar as compras...
 
Foi ela.carrinho cheio
 
O cara que segurou o carrinho durante todo o tempo realmente deve ter o cérebro de uma samambaia de plástico.
 
Chegou minha vez...
 
Dois bifes e um sabonete Vinólia, paguei 7,50.
 
Voltei pra casa ruminando a situação, resmungando, ranzinza como só eu sei ser.
 
Coloquei os bifes na tábua, furei com a faca de ponta com muito mais força que o habitual, coloquei amaciante com tempero Maggi.
 
Enquanto a química fazia efeito na carne eu sentei aqui para escrever minha história de supermercado.

sábado, 23 de novembro de 2013

Soteropolitano Por Que?

Por que quem nasce em Salvador é chamado de Soteropolitano?

É sem dúvida uma pergunta inteligente, um dia uma pessoaElevador_Lacerda_Salvador_Bahia me perguntou:

- Você que é um sabichão (odeio quando me tratam assim, mas...), me responde: Por que quem nasce em Salvador na Bahia é chamado de soteropolitano?

Eu nunca tinha pensado a respeito, e não tinha uma resposta pronta, apenas eu pensei na palavra e fiz uma associação de ideias.

Eu estudo religião e associei as palavras: Salvação, Soteriologia e Salvador (o nome da cidade, capital do Estado da Bahia).

Acontece que Soteriologia é o estudo da salvação humana. A palavra vem da união de duas palavras gregas: “Soterios” que significa "salvação" e “logos” que significa "palavra", ou "princípio". (...No Princípio era o verbo...)

Quase todas as religiões oferecem algum tipo de salvação e existem vários tipos de salvação onde cada religião possui sua própria soteriologia, algumas dão ênfase ao relacionamento do homem em unidade com Deus, outras dão ênfase ao aprimoramento do conhecimento humano como forma de se obter a salvação. Não se esqueça que a palavra religião vem do latim "religare" que significa em resumo a religação do homem a Deus.

Bem, então eu liguei as Palavras: Salvador, Soterios e Metropolitano.

Salvador, podemos assumir que neste caso seja Jesus O Salvador.

Soterios, salvação.

Metropolitano, mētēr = mãe (ou ventre) e pólis = cidade.

Soteropolitano, Cidadão Salvo ou Cidade dos Salvos.

Assim eu consegui explicar para o meu perguntador o “porque” do gentílico de quem nasce em Salvador na Bahia é Soteropolitano.

Complicado?

É, eu também acho.

É óbvio?

Não, nem tanto, quem nasce no País chamado São Salvador, é Salvadorenho e não Soteriolano, Soterilenho ou coisa que o valha.

O Brasil é repleto de gentílicos (palavra que designa um indivíduo de acordo com o seu local de nascimento) peculiares e que podemos estudar e aprender muito com eles, assim como Soteropolitano tem uma raiz religiosa ou teológica outros gentílicos têm raízes na história, geografia e até em antropologia.

Capixabas, Gaúchos, Potiguás (Potiguar ou potiguara), Cariocas...

Valeu?