quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Linguagem Icônica*

Linguagem Icônica a Primeira Forma de Escrita.*

icone[3]
Caça ao Bisão
Em algum momento entre 10.000 e 40.000 anos atrás alguém escreveu pela primeira vez.
Não existiam idiomas, ao menos não como entendemos hoje, não havia letras, alfabetos ou palavras, mas alguém sentiu a necessidade de se expressar de uma maneira diferente do habitual; pegou um pedaço de carvão que sobrou da fogueira do dia anterior e desenhou um bonequinho de palitos junto a um animal e uma lança.
Foi provavelmente a maior ousadia humana de todos os tempos; neste exato momento, começou a história, este audacioso homem foi o primeiro escritor, o primeiro historiador, o primeiro cronista social. Não sabemos o seu nome ou quem ele foi, mas sabemos que em algum lugar do passado um homem pegou uma lança e atirou esta lança em um bisão e ele morreu.
Quando "nosso herói" se foi desta caverna junto com seu grupo em busca de outras paragens mais férteis em caça e em frutas, ele deixou registrado nas paredes uma história (ideograma) que poderia perfeitamente ter o título de “A Caça ao Bisão”. Eventualmente um novo grupo de seres humanos veio a habitar a mesma caverna e “leu” aquela história, entendeu perfeitamente o que aquilo significava. Funcionou! O autor do “texto” não estava ali, mas conseguiu transmitir a uma pessoa fora do seu grupo, uma ideia, contou uma história e esta história foi lida e entendida por uma pessoa, não só diferente dele, mas também diferente de seu grupo.
icone boi[3]
Ícone de Um Animal
O ser humano partia, mas sua escrita, sua informação, sua história, seus sentimentos ficaram.
Esta é a paleontologia da escrita, a arqueologia da “caligrafia”. Nunca mais a humanidade foi a mesma.
Entre 3.000 e 4.000 anos antes de Cristo, a escrita deu um passo surpreendente; de simples ícones (pictogramas) passou para uma forma mais elaborada de ideogramas; a linguagem cuneiforme. Eram feitas em tabletes de argila onde eram gravados símbolos com uma haste de ponta quadrada em forma de cunha, (por isso são chamadas de cuneiformes), mais tarde este tablete de argila era cozido e nada mais poderia ser escrito nele. Pela primeira vez, a escrita tornou-se portátil. Esses tabletes podiam ser levados para qualquer lugar.
Linguagem Cuneiforme
Linguagem Cuneiforme
Ainda eram ideogramas; símbolos e signos que transmitiam uma ideia, um sentimento, uma situação, um acontecimento, mas já eram bem mais elaboradas, já continham símbolos para quantidade; sinais silábicos e fonéticos onde eram usados centenas de diferentes sinais.
Deste sistema de escrita, no entanto, não se derivou nenhum alfabeto. Mas já era mais organizada, porém não menos artística e porque não dizer científica, talvez, junto com os primeiros escribas, tenha nascidos neste momento histórico os primeiros calígrafos. Não bastava saber o significado dos símbolos, era necessário saber grafa-los e esses símbolos deveriam ser entendidos posteriormente. Técnica, capricho e conhecimento eram necessários.
Linguagem Hieroglifa
Escrita Hieroglífica
Mais um pouco e chegamos à escrita hieroglífica. Muitíssimo mais elaborada e sofisticada; utilizava imagens para representar objetos concretos e, ideias abstratas, empregava o princípio do “rebus”, que consistia em decompor as palavras em sons e representar cada som por uma imagem (fonogramas). No princípio, essas imagens eram mal interpretadas pelos próprios egípcios então, foram introduzidos na linguagem dois novos sinais, um para indicar como elas deveriam ser lidas e outro para lhes dar um sentido geral. Daí para frente gradualmente a linguagem escrita foi se desenvolvendo e se aprimorando, sempre sendo cada vez mais específica. Quanto mais elaborado se tornava o pensamento humano, mais sofisticada a escrita se revelava, novas letras, novos fonemas e, é claro novas palavras. Com o desenvolvimento da escrita, surgiram mais tarde os calígrafos uma estirpe de homens que levaram a escrita a um nível mais alto, a uma expressão artística, técnica e científica do que eram os meros redatores de palavras.
Séculos depois uma empresa chamada Microsoft, capitaneada por um ser conhecido pela alcunha de Bill Gates (seu nome verdadeiro é William Henry Gates III) resolveu que o negócio era regredir a um estágio anterior a Idade das Trevas e criou uma coisa que foi enganosamente chamada de Sistema Operacional; o terrível e temível Windows (o Windows nunca foi, ao menos não até recentemente, um Sistema Operacional, sempre foi um Ambiente Operacional).
Então, ferramentas virou um martelo e uma chave de boca, apagar um arquivo, tornou-se um ícone de uma lixeira; instalar um programa em seu computador passou a ser simbolizado por um desenho de uma caixa aberta e um CD ao lado.
Ícones do Wiondows
Ícones do Windows
Muitos dirão: Mas isso facilita as coisas!
Eu no entanto digo: É como um macarrão instantâneo, facilita as coisas porém não alimenta; os ícones usados pela informática moderna podem facilitar, mas faz a sua mente ficar muito parecida com a do homem que desenhou um arco, uma flecha e um bisão na parede de uma caverna.
* Este artigo foi escrito originalmente para a extinta Revista Calligraphic Coffee. Como a Revista não foi pra frente e foi descontinuada, ficou uma parte do artigo aqui e outra perdida. Então eu adaptei o post e o publiquei inteiramente aqui no Blog O Rescator.

5 comentários:

  1. Parabéns pela matéria Jorge, desejo sucesso para a revista Calligraphic Coffee

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    1. Na verdade os parabéns são para você Glassmann, pois afinal a iniciativa e liderança foi sua.

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  2. OLÁ AMIGO.

    EXCELENTE COMO SEMPRE.

    ABS DO BETO.

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  3. Oi amigo,
    Paz

    Kd você? Por onde andas? Virou lenda? Escafedeu-se?
    Tás lendo o livro?
    Já foi receber o prêmio no maravilhoso blog da Renata?
    Será que ela tem sapatilha com o número que calças? kkkk
    Olha só; agora é sério: Estava às turras com uns imbecis partidários das aberrações daquele pastor psicólogo clínico (?) que vive enrolando a massa de crentes prosperólatras.
    Fui bem malcriado na resposta que dei a um dos idiotas que, desaforadamente me insultou.
    Passa lá em casa e divirta-se com o que escrevi.
    Ah sim, o seu texto!
    Vivendo e aprendendo - é como me sinto diante das suas postagens.
    SDS
    Alberto
    O vírus M13

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