sexta-feira, 26 de março de 2010

O que é ser Afro-Brasileiro?

Eu sou Afro-Brasileiro, me disse certa vez um rapaz em um bar onde os vizinhos tinham o hábito de tomar uns goles aos sábados pela manhã. Ele me disse isso quando escutou alguém falando sobre a quantidade de estrangeiros que vieram morar no bairro nos últimos anos.
Eu perguntei ao rapaz: Quem te disse isso?

Ele respondeu: Eu sou negro cara!

E desde quando a cor da pele dita a nacionalidade de alguém?

Muito menos a aparência física.

Eu por exemplo não tenho ancestrais conhecidos em nenhum país europeu, no entanto rastreando a minha árvore genealógica, sei que lá pelos idos do século 16 ou 17 foi quando meus antepassados portugueses chegaram ao Brasil e no século 20 ocorreu a entrada de descendentes de espanhóis e passaram a fazer parte da família. Bom, eu não tenho nenhuma relação com a Europa, minha família já está aqui a tempo demais para guardar qualquer resquício da cultura europeia; mas dentro do raciocínio do rapaz Afro-brasileiro eu deveria me definir como Ibero-brasileiro.

Eu nem ao menos sei de que parte de Portugal meus antepassados vieram.

Eu não tenho nenhuma relação com Portugal (fora o idioma é claro).

Da mesma forma, o jovem que se auto intitulou Afro-brasileiro não sabia nem para que lado fica a África, e se soubesse (na verdade, no caso em questão, ele não sabia mesmo) a África não é um país, a África é um continente, com muitos países de culturas diversas, religiões diversas, climas diversos.

E no passado?

Igualmente!

A África era dividida em grandes nações étnicas (não necessariamente de negros).

Se você é Afro-brasileiro, você então deverá saber a que nação seus antepassados pertenceram; por exemplo: eles foram Gêge, Nagô, Banto (ou Banto), Zulu?

Sabe o que eu penso sobre essa bobagem de Afro-brasileiro?

Quando alguém trata um negro como ele sendo Afro-brasileiro, ele só é 50% brasileiro, 50% cidadão.

É assumir, que a cor da minha pele me faz ser menos brasileiro que os de cor branca ou amarela.

O Branco é brasileiro o negro é Afro-brasileiro, o negro só é 50% brasileiro, só a metade.

Então que tal parar com essa idiotice?

Todos somos brasileiros de longa data; assim como eu não tenho a menor ideia (real) da cultura e do sentimento português, o meu interlocutor negro não fazia a menor ideia de onde fica Angola ou a Guiné.

Um abraço! Jorge Costa – O Rescator

2 comentários:

  1. Nem sei se você lerá o que aqui coloco, pois seu texto é de 2010. Discordo do que você expõe. Definir-se como afro-brasileiro não é uma questão de pele. O Brasil massacrou a cultura africana que aqui chegou. Nossa formação foi basicamente europeia, ou seja, 350 anos negando a cultura não só africana como a indígena. A verdade é que grande parte da população brasileira não sabe onde fica Angola ou Guiné Bissau, mas sabe onde fica Portugal, Espanha, Itália nos mapas. Nosso ensino ainda é voltado para a valorização europeia. Definir-se como afro-brasileiro é realmente buscar suas origens e é papel nosso contribuir para que a memória seja resgatada. Você diz que o sujeito do bar se define como afro sem saber de suas raízes. Então por que não pesquisar? Há pessoas que foram educadas a valorizar sua ascendência; há as que foram educadas a ter vergonha da mesma.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Maestra, Sempre leio e respondo a todos os comentários; muito obrigado por comentar aqui no blog O Rescator.
      Você tem todo o direito de discordar de minhas opiniões e, eu de mantê-las ou muda-las de acordo com o meu entendimento. Permita-me neste caso em manter minha opinião inicial, creio que auto-intitular-se ou ser rotulado de Afro-Brasileiro, é sim uma questão de cor da pele; conheço alguns brasileiros de cor de pele branca e são filhos de africanos, cuja a preponderância de suas cores não são brancas. Eles não se auto-intitulam Afro-Brasileiros e tão pouco são rotulados como tal.
      O Brasil massacrou a cultura africana?
      Talvez...
      Acho quem massacrou a cultura africana, foram várias nações e culturas, inclusive de negros africanos que colaboravam com a prisão e venda de seres humanos de suas próprias origens continentais. Sem a colaboração destes africanos que auxiliavam na captura de seres humanos para virarem escravos dificilmente os mercadores de escravos tivessem logrado exito em sua abominável e repugnante tarefa. Quem começou com a escravidão no Brasil foram os Portugueses e não o Brasil ou os brasileiros. Após a independência, os que aqui ficaram deram continuidade a esta abjeta prática. Creio que se algum povo deve ser cobrado por este "massacre" deveriam ser os países e povos que estabeleciam a captura, transporte e venda de seres humanos, mormente (os principais) Portugal e Espanha.
      Quanto ao massacre da cultura, sigo dizendo: A cultura africana persiste no Brasil mais que em alguns lugares da própria África. (Vivi lá por 8 anos) A cultura africana permaneceu no Brasil através dos idiomas africanos que impregnaram nosso idioma com suas palavras e expressões. A cultura africana prevalece no Brasil através da música, da dança, da religião (candomblé principalmente) e de muitas outras coisas. Na África mal se vê isso, lá sim; a cultura genuína africana foi na prática dizimada após a Segunda Guerra Mundial. Existem muitos escritores e estudiosos de música e religião que vem ao Brasil para a aprender e muitas vezes resgatar as origens da cultura dos povos africanos, que aqui permaneceram quase intactas e lá na África quase desapareceram.
      Os portugueses e brasileiros que aqui no Brasil viviam, foram tremendamente influenciados pelos escravos africanos.
      Tenho minhas dúvidas quanto a sua colocação: ...A verdade é que grande parte da população brasileira não sabe onde fica Angola ou Guiné Bissau, mas sabe onde fica Portugal, Espanha, Itália nos mapas... Creio que as pessoas que não conseguem achar Angola no mapa, tão pouco conseguem achar a Itália, na verdade somos muito pobres em geografia.
      Em minha opinião, desde a segunda Guerra, nosso ensino é muito mais voltado a cultura Norte Americana que Européia; mas posso estar errado.
      Definir-se como Afro-Brasileiro, penso ser uma armadilha, para os de cor negra se tornarem menos brasileiros que os de cor branca. Isso sim, considero um "massacre" baseado em preconceito de cor ou (não gosto de usar este termo, pois considero que quem tem raça e cachorro ou outro tipo de animal qualquer) preconceito racial.
      Pesquisa suas raízes é uma opção pessoal e não uma obrigação de origem eu particularmente estou me lixando para as minha origens étnicas ou de antepassados; estou preocupado é com o presente do povo brasileiro seja ele de que cor sua pele carregue. Acho que se dizer Afro-Brasileiro é mais um truque para fomentar o racismo.
      Bem Maestra essa é a minha opinião; respeito a sua mesmo sem concordar com ela.
      Um Forte Abraço!
      O Rescator.

      Excluir

Escreva seu comentário no espaço abaixo.
Obrigado.